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Ogre You Asshole

Um quarteto vindo de Nagano, os Ogre You Asshole (OYA) começaram por ser uma banda de pop-rock onde as guitarras tinham um papel proeminente para se metamorfosear num veículo que circula enigmaticamente entre a pop, o rock progressivo, o krautrock e um psicadelismo sereno. Um feito extraordinário se considerarmos que a generalidade dos grupos que inicialmente os inspirou nunca ultrapassou as limitações formais do indie-rock com que se apresentaram ao mundo.

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“Ogre You Asshole” (2005), “Alphabeta vs. Lambda” (2007) e “Foglamp” (2009), eram variações muito interessantes do rock independente de matriz norte-americana que, na viragem do milénio, nos deu a conhecer bandas como os Modest Mouse. No entanto, seria com “Homely” (2011) que os OYA dariam um passo em frente no sentido de maior experimentação sónica e diversidade de arranjos e instrumentos, sempre sem perder o Norte melódico e pop. Seria também o primeiro trabalho conceptual de uma trilogia que seguiria o seu caminho com “100-nengo” (2012) e se completa agora com o extraordinário “Papercraft”, editado o ano passado.

Formalmente rigoroso e privilegiando uma produção arejada e panorâmica, “Papercraft” começa com o cintilante “Someone’s Dream” cujo groove serpenteia até uma cascata de guitarras apenas para se espraiar num leito de saxofones. É uma composição perfeita cujos movimentos sinuosos e sensuais dão lugar aos ritmos austeros de um funk-rock reminiscente de Can em “Rule Invisible”.

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Ao ruidoso final da segunda faixa segue-se a simplicidade melódica dos arranjos bossanova de “Paradise Lost” em que a voz melancólica de Manabu Deto é acompanhada de flauta, guitarra acústica e sintetizador. “Perfect Lovers in the Perfect City” faz-se de puro ritmo e quando ouvimos uma voz gutural quase visualizamos Damo Suzuki a cantá-la.

O tom lânguido e envolvente do disco prossegue com a luxuriante “Farewell, Our Lovely Days” e, no tema-título, adquire um tom crepuscular quando o eco ininterrupto de um riff de guitarra serve de atmosfera para um monólogo radiofónico. No fim, regressam à pop tão elegante como épica do nostálgico “Desertshore”.

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A sua gestação foi lenta e meticulosa, tendo sido gravado entre o Inverno de 2013 e o Verão do ano passado, mas com “Papercraft” os OYA estabelecem-se como um projeto imaginativo e intrigante que não receia experimentar mantendo as sedutoras melodias à superfície das suas composições.

Escrito por: Cláudio Pedrosa

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