Quem conhece o mundo da banda desenhada japonesa sabe que existem temáticas para todos os gostos. Foi assim que descobrimos este mangá que despertou logo a nossa atenção e curiosidade porque nunca tinhamos visto um que abordasse a temática do terrorismo e geopolítica.
Zig (ZIG ジグ, na versão original ou ZIG – World Can’t Allow Terror na versão fora do Japão) é um one-shot de 260 páginas, publicado em 2017, na revista Grand Jump de Shueisha. Os autores deste mangá são dois nomes bem conhecidos: o designer Tetsuya Saruwatari, que se destacou com sua bem-sucedida saga de combate Tough/Free Fight e o argumentista Takashi Nagasaki, também conhecido por Garaku Toshusai, que trabalhou com Naoki Urasawa (autor de Monster e 20th Century Boys), e de outros títulos como, por exemplo, o Inspector Kurokochi, King of Eden, entre outros… portanto não temos aqui propriamente novatos nestas andanças.
Zig, é um ex-herói das Forças Especiais de Autodefesa do Japão, sobrevivente a uma morte brutal no Médio Oriente. Apesar desta situação quase mortal, terá que retornar ao serviço. Para que a sua vida fique mais calma e supostamente longe do perigo, Zig é convertido num segurança de um banco modesto em Hong Kong.
O seu dia-a-dia como segurança era bem calmo até ao momento em que o banco foi assaltado por três criminosos, que não tinham ar de ser amadores. É durante o assalto que rapidamente descobre que os ladrões são contratados pelo departamento de informações chinês.
Quando acorda no hospital, Zig fica surpreendido ao saber que aquele roubo no banco nada tinha a ver com o dinheiro no cofre. Ele descobre o que se passa quando um grupo de agentes especiais o contactam para lhe dar uma missão relacionada com o caso. Zig tem a tarefa de descobrir o “Le Colonnel”, um “ex-herói” de guerra croata acusado de imensos crimes contra a humanidade e mentor do roubo, que não tinha outro objetivo senão obter informações cruciais para o governo chinês e de fazer uma vingança pessoal.
Este mangá apropria-se da história e reinterpreta os conflitos entre a China, Hong Kong e outras relações internacionais. Gostámos de ler este mangá e, embora não estejamos muito informados sobre estes temas e não sendo um Nuno Rogeiro, gostamos deste tipo de mangás porque normalmente são repletos de acção e conspirações.
O desenho de Saruwatari encaixa perfeitamente neste estilo de história. As cenas mais violentas não são censuradas, por isso temos imagens cruas e bastante realistas. Outro aspecto importante da arte de Saruwatari são os cenários e “backgrounds” que são bem detalhados e dos quais destacamos as cenas que se passam no antigo aeroporto e uma perseguição automóvel no meio da cidade.
Em resumo, temos aqui um one-shot que vale a pena conhecer/ler e que foge bastante ao que encontramos publicado no nosso mercado. Este é um mangá sobre terrorismo mas também é um mangá sobre um homem de fortes convicções e de respeito incondicional pela vida humana. O título diz tudo, o terror é inaceitável.
Escrito por: Fernando Ferreira