Foi um dos nomes mais marcantes e inovadores da história da animação japonesa, sendo amplamente considerado um dos pioneiros do género. Noburō Ōfuji nasceu na capital japonesa a 1 de Junho de 1900 e desde muito novo mostrou um grande interesse pelas artes visuais e, mais tarde, dedicou-se ao mundo do cinema, numa altura em que o Japão começava a dar os primeiros passos na animação.
A sua carreira teve início nos anos 20, altura em que o cinema de animação estava ainda em fase experimental. Enquanto outros animadores optavam por técnicas mais convencionais, Ōfuji destacou-se pela sua abordagem criativa, utilizando recortes de papel washi – um papel tradicional japonês – e técnicas de silhueta, criando um estilo único e profundamente enraizado na cultura japonesa.
Ōfuji também se inspirou no teatro de sombras, uma arte tradicional que conferiu aos seus filmes um caráter poético e onírico. A sua estética visual, rica em padrões e texturas, aliada a uma sensibilidade narrativa muito própria, fez com que as suas obras se distinguissem pela sua beleza singular. Filmes como Kumo to Tulip (A Aranha e a Túlipas), lançado em 1943, e An Old Tale são exemplos claros do seu talento e da sua originalidade.
Com mais de 50 filmes realizados, Ōfuji realiza o seu primeiro filme Hanamizake em 1924 e o seu último Shaka no shogai em 1961, o mesmo ano da sua morte.
Os seus filmes não eram apenas visualmente cativantes, mas também carregados de significado, muitas vezes abordando temas universais como a vida, a morte e a natureza. Através das suas animações, Ōfuji oferecia ao público não só entretenimento, mas também uma reflexão sobre valores tradicionais e a importância da herança cultural japonesa.
Ao longo da sua carreira, Ōfuji recebeu diversos prémios e reconhecimentos, incluindo o prestigiado Grande Prémio para Curtas-Metragens no Festival de Cannes, um feito notável para um animador japonês na época. Este reconhecimento internacional ajudou a abrir portas para a animação japonesa no estrangeiro, influenciando animadores de todo o mundo.
O legado de Noburō Ōfuji é imenso. A sua dedicação à arte da animação e o seu espírito inovador inspiraram gerações de artistas e realizadores que lhe seguiram os passos. Ainda hoje, o seu trabalho continua a ser estudado e apreciado, não só como parte essencial da história do cinema de animação, mas também como uma janela para a cultura e a alma do Japão.
Ōfuji permanece, assim, como um verdadeiro mestre e visionário cujo contributo transcendeu fronteiras e resistiu ao teste do tempo.
Escrito por: Fernando Ferreira