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Taste of Tea

Esteve presente em Cannes no ano passado (2004) e mais recentemente no 13ª Festival de Curtas Metragens de Vila do Conde 2005, o terceiro filme do realizador Katsuhito Ishii, que não pode estar no evento por estar já a rodar um novo filme. Algumas pessoas poderão já ter ouvido falar do nome de Katsuhiro Ishii pois ele foi o responsável pela sequência animada de Kill Bill Vol. 1.

A família Haruno decide escolher o campo para ter uma vida mais calma. A mãe Yashiko (Tezuka Satomi) passa a vida a desenhar na mesa de cozinha para tentar voltar ao seu anterior emprego de mangaka. O pai Nabuo (Tomokazu Miura) um hipno-terapista que só pensa em trabalhar, e que pratica as suas teorias na sua familia. O filho um “teenager” que está na idade da explosão hormonal e pronto a declarar o seu amor ˆ sua colega de escola (a nipo-americana Anna Tsuchiya, que conhecemos de Kamikaze Girls). O avô é obsecado em criar uma banda. E Sachiko, a irmã mais nova de nove anos é apanhada por uma personagem gémea dela mas 10 vezes maior do que ela. Mais tarde chega o tio, personagem interpretado por Tadanobu Asano (Ichi the killer), que ainda consegue ser mais estranho que este retrato de família.

Com uma descrição destas “Taste of Tea” pode parecer um “freakshow”. Mas as situaç›es estranhas aparecem ao longo do filme (comboios a sairem da cabeça, girassóis de tamanho infinito, viagens cromáticas altamente psicadélicas). Todos estes CGI (efeitos especiais) estão bem enquadrados e adequados nas cenas em que aparecem.

É uma história mágica que Tim Burton gostaria de certeza de realizar, Ishii constrói um filme que muitas das vezes parece um anime, dada ˆ enorme quantidade de momentos altamente imaginativos e plásticos que se vão desdobrando em referências várias da cultura pop, como a “manga” ou a animação japonesa.


Não podemos colocar defeitos em “The taste of tea” (no original Cha no Aji), porque equitividade nas brilhantes situações do filme, pois enquanto algumas são extravagâncias cómicas outras são o resultado de um discurso mais hábil e inteligente. A ternura com que Ishii trata as suas personagens, a imaginação e os mecanismos da narrativa, entre o estilo clássico que podemos comparar com o mestre do cinema japonês dos anos 50-60, Yasujiro Ozu que retratava a vida das famílias japonesas e a paródia visual, confirmam um olhar oprtimista sobre um mundo que possivelmente não o merece. Todo o filme é uma alegoria à felicidade.

Além dos artistas principais que são brilhantemente liderados por Asano (que a cada filme que participa notamos que é um excelente e versátil actor), outro dos aspectos principais é a quantidade de artistas famosos que também entram no filme: Susumu Terajima (Shinji Takeda, no filme Gohatto de Nagisa Oshima), Tsuyoshi Kusanagi um dos membros do grupo de jpop SMAP, Hideaki Anno realizador de uma das séries de culto na animação japonesa, entre outros.


Em resumo, Katsuhito Ishii reserva-nos um final tão saboroso tal qual o chá que é bebido ao longo de mais de 140 minutos. Um filme obrigatório.

Autor: Fernando Ferreira

3 comments
  1. Kamikaze

    Não conhecia de todo e pela crítica parece que vou ter mesmo que ver. Mais uma vez obrigada pela divulgação.

    ———————————————————————–
    Certamente já viram ou ouviram falar de Kokuhaku mas não consigo deixar de pensar e de recomendar este filme – continua a ser um dos meus favoritos.

  2. Kamikaze

    Adorei este The Taste of Tea! O final foi maravilhoso – só me deu vontade de começar a fazer flipbooks para toda a família tal como o avô. Já a música “Moutain”, essa irá residir na minha cabeça para a eternidade; acho que o Ayano tinha razão – se a ouvirmos muitas vezes ela frita-nos o cérebro :D. Por acaso não sabem se ainda existe à venda o DVD deste filme? Penso que há uma edição francesa mas infelizmente não inclui legendas em inglês.

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