Sendo eu livreiro e gostando do Japão era inevitável que este livro tivesse que vir para a minha estante e de ser lido. “Confissões de uma Livreira” é o primeiro livro escrito pela autora japonesa Nanako Hanada e que a leva imediatamente para a ribalta e que lhe dá a oportunidade de atingir o seu sonho ter uma livraria.

A história deste livro é escrita na primeira pessoa e começa com a protagonista/autora, Nanako, a separar-se do marido e a sofrer uma crise de confiança e identidade. Enquanto a sua vida doméstica está em turbulência, o trabalho como livreira também não corre como ela gostaria. depois de mais de uma década na Village Vanguard – uma cadeia de livrarias, Nanako sente que o rumo da sua vida tem que mudar se quer ser uma pessoa mais confiante e feliz.
Por impulso, inscreve-se no Perfect Strangers, uma aplicação de encontros ocasionais onde os utilizadores podem disponibilizar uma conversa de 30 minutos num local específico, geralmente um café, e esperar que alguém aceite encontrá-la na data e hora marcadas. Embora não seja propriamente um site de encontros românticos, Nanako decide aventurar-se nesta plataforma.
E é assim que começam as aventuras de Nanako, ao sair da sua zona de conforto e descobrir o mundo através de uma variedade de pessoas que vai conhecendo ao longo de semanas e meses no Perfect Strangers. Embora as primeiras conversas soem algo estranhas, rapidamente Nanako encontra o seu ritmo. Grande parte do livro relata os seus diálogos com as pessoas que vai conhecendo nesta aplicação.
Nestes encontros recomenda um livro que considera adequado ao seu “par” e sente-se entusiasmada quando estes respondem com entusiasmo após a leitura. Em pouco tempo, Nanako encontra-se a viver uma vida interessante, repleta de interações espontâneas, onde pode pôr em prática o seu “superpoder” de recomendar livros, ao mesmo tempo que aprende mais sobre si própria. Isso conduz a uma resolução amigável do divórcio e também abre caminho para a sua progressão profissional.
Este livro é singular por várias razões, a primeira é porque este livro é escrito na primeira pessoa e relata uma história real. A segunda razão foi porque no final do livro encontramos uma lista das obras recomendadas nos capítulos, bem como sugestões adicionais de leitura apesar de que muitos dos livros não estão traduzidos em inglês muito menos em português. Mesmo assim, consegui uma pequena lista de livros que já tinha lido em inglês ou francês (no caso de algum mangá) e acrescentei outros à minha lista de leituras futuras.
Como dado curioso, a própria autora tem a sua própria livraria em Tóquio que foi aberta com o dinheiro deste seu primeiro livro bem como da venda do argumento para uma série de televisão.
Escrito por: Fernando Ferreira
