Há uns anos atrás tinha lido este mangá na edição brasileira lançada pela editora New Pop. Tinha gostado do que tinha lido e fiquei contente em saber que o mangá tinha uma segunda parte.

Anos mais tarde, a editora portuguesa Distrito Manga pega nas duas histórias e lança o título numa edição integral bem bonita. Este mangá da autoria de Etsuko conta-nos a relação entre Gô Okazaki — um mangaká de shoujo que enfrenta um bloqueio criativo — e Yūsuke Akune, o seu assistente gay. A premissa parte de uma descoberta acidental: Gô encontra Akune com outro homem e esta situação fá-lo questionar tudo.
A narrativa de Joy e Joy 2 constroi um romance BL (Boys’ Love) que foge do fetiche desordenado, apostando em diálogos honestos, inseguranças reais e uma estética visual simples, expressiva e contida. Em Joy, o que cativa não é apenas o sexo — há cenas íntimas sim —, mas sim o modo como o protagonista luta com o sentimento de “ser-digno” de amor é sem dúvida um forte ponto de empatia.

A arte de Etsuko combina linhas limpas, composições arejadas e enquadramentos que valorizam o silêncio entre os personagens. O uso do branco e dos espaços vazios reforça a sensação de introspeção e vulnerabilidade que percorre toda a obra. As expressões faciais são delicadas e subtis. Há um equilíbrio entre realismo e estilização que lembra o melhor do slice-of-life japonês, tornando cada página visualmente envolvente e intimista.
Em Joy Second, que é a continuação directa, a história avança para fases mais maduras: Gô e Akune já são casal e convivem no cotidiano, porém surgem tensões – Gô sente-se inseguro face à inacessibilidade de Akune em certas questões sexuais e questiona o seu lugar na relação.
Para apimentar ainda mais a trama, a autora adiciona Hibiki, um ex-parceiro de Akune, que ganha vida e peso próprio, oferecendo um contraponto interessante ao casal principal. A combinação de romance, drama e comédia subtil faz desta segunda parte uma continuação sincera e divertida.

No geral, Joy e Joy 2 é um mangá recomendável para quem procura um BL que privilegia sentimentos autênticos, representação honesta de relacionamento entre homens, e uma arte delicada que não se apoia em exageros. Se procura algo leve mas emocionalmente robusto, Joy e Joy Second entregam muito bem.
Escrito por: Manuel Alves
