A Atari e FUNimation trazem-nos agora a sequela de «DBZ: The Legacy of Goku», em «The Legacy of Goku II», para o GameBoy Advance. Para os que não estão familiarizados com o primeiro jogo, desenganem-se se pensam que se trata de um beat ‘em up com só modos Story, Tournament, etc ou um RPG como nos antigos jogos de DBZ para GameBoy. Não; aqui, o objectivo é seguir a história do anime com uma precisão respeitável (e mais algumas novidades menores que a Atari se permitiu adicionar). Começamos com o jovem Gohan (perdão, Songohan) e, num breve tutorial, mostram-nos os comandos do jogo enquanto corremos na floresta ou buscamos um livro de Matemática, com típica vista de cima à RPG. Depois começa a acção.
Um certo tirano espacial robotizado chega à Terra com o pai, para surpresa dos heróis. Com Songoku ainda no espaço, cabe a um jovem desconhecido de cabelo lilás derrotar o invasor que tanta dor de cabeça lhes deu em Namek no jogo anterior apenas para os avisar do regresso de Songoku e de um novo perigo para o qual terão três anos para se prepararem…
A fidelidade à história do anime, como já disse, é absoluta; há quem diga que as falas são tiradas directamente da versão americana, o que é de facto impressionante. Por falar em versão americana, temos a opção de escolher outras línguas, como o espanhol, italiano, alemão… e não, a versão francesa não usa os nomes Songohan e Petit Coeur: é Gohan e Piccolo, mesmo. Temos ainda assim Tenshinhan e Tortue Genial…
Assim temos de fazer a aventura completa com Songohan, derrotando inimigos menores, subindo de nível, ficando mais forte e, eventualmente, acedendo a novas personagens. Seguem-se Satã, Vegeta, Trunks e finalmente Songoku. Claro que o que à partida podia ser um jogo curto logo se torna mais elaborado com todas as sidequests que temos de fazer… achar uma sandes para o Hércules, transportar ovos de dinossauro, salvar uma quinta de um bando de triceratops, desactivar geradores, derrotar um mafioso e o seu guarda-costas TaoPaiPai e, inevitavelmente, conseguir o radar para obter as 7 bolas de cristal. Entre os inimigos a derrotar temos animais selvagens (aquela alcateia nas planícies geladas é um inimigo de respeito), ninjas e soldados -_-; e robots do Red Ribbon Army. Tudo isto para derrotar ciborgues e, eventualmente, o Perfect Cell.
Mas há mais: para o jogo ficar absolutamente acabado temos direito a um cómico final alternativo num talk show, no qual temos de recolher as estátuas de todos os guerreiros. Para tal, temos não só de os treinar (excepto Songoku) ao nível máximo (50), como encontrar 7 Nameks espalhados pelo mundo para irmos ao seu novo planeta defrontar um inimigo inesperado. E o último está BEM escondido, nem o radar assinala o local onde está… Finalmente, se quisermos, podemos tentar achar 25 cápsulas douradas do pai da Bulma (o que requer MAIS sidequests) o que nos permite aceder ao nível de vôo sem ser necessário estarmos ao pé de um poste de Mapa-mundo. Não merece muito a pena.
Como se vê, há muito para fazer. Cada personagem pode interagir (apanhar, conversar…), dar socos & pontapés, lançar rajadas de Ki (o método mais eficaz, na minha opinião), recorrer a ataques típicos (como o Kamehameha do Songohan e o Big Bang do Vegeta) e transformar-se na respectiva forma Super. À excepção dos socos, tudo consome Ki, que vemos diminuir numa barra verde. Para o repor, assim como a saúde (barra vermelha), temos de destruir rochedos e inimigos, que largam comida ou energia. Depois de um tempo habituamo-nos facilmente aos comandos simples. Ao contrário de «Legacy of Goku», não podemos voar no écran de acção.
Podem ter uma ideia dos gráficos a partir das figuras à esquerda. Repito que toda a acção é mostrada no jogo, de modo que há muitas sequências animadas, sempre com esse tipo de gráficos. Isto em vez de imagens tiradas do anime, como no jogo anterior. Aqui estão ausentes.
Quanto ao som, acredito que podia ser melhor. As músicas tornam-se monótonas facilmente, sobretudo depois de várias horas de treino para subir de nível. A excepção é a ilha do Tartaruga Genial, onde não se pode treinar… Também podiam estar presentes exemplos das músicas clássicas como «We gotta power», etc… Em compensação, os efeitos sonoros são bastante agradáveis, desde a simples rajada de Ki ao som da chuva.
Antes da conclusão, aqui ficam alguns pontos fortes e fracos do jogo:
Fortes
– Ao contrário de «Legacy of Goku», quando subimos de nível regeneramos completamente.
– É engraçado fazermos a história na pele do nosso guerreiro preferido, e podermos escolher como acabar com o adversário: Pancada até ao fim? Rajadas em barda? Pulverizá-lo com uma Força Universal?
– A fidelidade ao anime é verdadeiramente notável. Quem ficou sem compreender o enredo das viagens no tempo terá agora nova oportunidade de as perceber.
– O «dispositivo» extraterrestre que regista a força de combate do adversário permite ter uma ideia de quão fortes temos de estar para o derrotar.
– O modo de vôo pelo mundo que permite escolher o sítio para treinar está bem feito; acedam-lhe como, por exemplo, SuperTrunks e voem para onde quiserem sem medo de gastarem Ki!
– O nosso «journal» regista todas as nossas quests, estando assinaladas as prioritárias, para que não nos esqueçamos de nenhuma.
– Gostei do pormenor da viagem a Namek…
– Se tivermos a nossa saúde no máximo mas pouca Ki, os rochedos/inimigos só largarão globos de energia, e vice-versa.
Fracos
– Nem sempre podemos escolher qualquer personagem; por exemplo, tem de ser o Songoku a ser o primeiro a enfrentar o Cell no torneio.
– O facto de termos de treinar e ganhar níveis para termos alguma hipótese contra os bosses pode ser desagradável para alguns jogadores menos pacientes.
– Ao fim de um tempo ficarão fartos das músicas…
– A nossa vida seria MUITO facilitada se os bosses dessem experiência.
– Mesmo quando somos derrotados (ex: Vegeta contra C18) temos de tirar parte da energia do adversário; se formos mesmo derrotados perdemos o jogo.
– É um pouco difícil de engolir que um Songoku no máximo da sua força tenha dificuldade em dar cabo de uma alcateia de lobos das neves, assim como um grupo de ninjas, etc… teria mais cabimento que os inimigos ficassem muito fáceis de derrotar depois do nível 45.
– E a pior de todas… não tenham expectativas: olhos azuis e cabelos loiros valem pouco no jogo, excepto talvez contra certos bosses. Além disso, a barra de ki é drenada rápido demais para nos divertirmos contra inimigos vulgares.
Como viram, usei novamente a nomenclatura Novaga neste artigo, parecida com a francesa, por ser a mais conhecida. Os puristas que me desculpem outra vez. E depois de tudo isto, o que dizer do jogo? Enfim, é um jogo:
1) a evitar para quem não tem paciência para treinar e subir de nível;
2) um jogo agradável para quem gosta de uma aventura e dar cabo de uns bosses, mesmo se não se está ao corrente da história;
3) indispensável para quem é fã de DragonBall Z. Se jogaram o «Legacy of Goku» I e gostaram, é garantido que esta sequela vai agradar muito mais.
Aliás, posso adiantar que a sequela só fica a dever ao original em dois pontos. O primeiro é a AI inferior dos Bosses (não sabem contornar rochas para nos caçarem) e o segundo a capacidade de voar no écran de acção (mas isto, suponho, foi para aumentar as sidequests e as tarefas a cumprir). E agora, para quem quiser, umas dicas…
– Poupem as cápsulas de Força, Resistência, etc, para o final do jogo. Se decidirem ver o final alternativo no talk show, precisarão delas. A excepção é a primeira, perto da casa do Songohan, visto que não terão a oportunidade de treinar antes do combate contra o primeiro Boss.
– Penso que o melhor sítio para treinar é nas Northern Mountains. Façam um esforço para treinarem o Vegeta ao nível máximo, já que isso vos permitirá aceder a uma área com dois Destroyers dourados que dão muita experiência, e depois poderão treinar os outros personagens nessa mesma área. Há quem prefira os dinossauros na área chuvosa também nas Northern Mountains. O melhor mesmo é acabar com uma data de inimigos de uma só vez, o que dá experiência e larga comida e energia; infelizmente, a melhor maneira de o fazer é com golpes contínuos como o Kamehameha, e o Vegeta, assim como o Trunks, não têm nenhum.
– Se estiverem aflitos com um boss, procurem um canto sossegado e recuperem Ki.
– A certa altura, poderão precisar de peixe. Ninjas ao pé de lagos(!) e crocodilos estão entre os inimigos que mais frequentemente os largam.
– Falem com toda a gente, explorem todos os lugares, recolham todos os itens. Não se esqueçam de falar com o Korin na área do Paraíso.
– Depois de terminarem o jogo, vejam os Créditos Finais e esperem para (re)ver o que sucede quando o Trunks voltou ao futuro.
Autor:GoldPhoenix