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Sensor

Se me dissessem há uns 3 ou 4 anos atrás que iriamos ter na língua de Camões mangás do grande mestre de terror, Junji Ito eu diria que era uma coisa impossível, no entanto passados estes anos não só temos mangá de Ito em português como temos várias editoras a publicá-lo, como é o caso deste Sensor lançado pela Editorial Presença.

O mangá em questão é Sensor (センサー, leia-se Sensā), também conhecido como A viagem de Succubus (夢魔の紀行, Muma no Kikō) que foi serializado inicialmente na revista Nemuki+ entre Agosto de 2018 e Agosto de 2019 e que no final desse mesmo ano viu a edição num único volume.

Sensor é uma viagem surreal e atmosférica que foge um pouco do terror visceral que os leitores de Ito estavam à espera. A história começa com uma mulher chamada Kyoko Byakuya que passeia numa zona montanhosa junto a um vulcão activo. Nessa caminhada encontra uma vila isolada onde os moradores habitam numas casas construídas por fios dourados que caem do céu.

A partir deste ponto, a história mergulha numa série de acontecimentos e situações cada vez mais estranhas, com direito a poderes psíquicos, seitas religiosas, experiências sobrenaturais e até uma espécie de consciência cósmica. Em Sensor, ao contrário de obras como Uzumaki ou Tomie, o ritmo da história é mais lento e de reflexão. Ito quer dar ao leitor uma sensação de estar sonhando (ou melhor de ter um pesadelo) do que de levar sustos. O terror é mais psicológico e estranho do que gráfico.

A arte de Junji Ito em Sensor é, como sempre, um espetáculo à parte. Neste mangá, ele usa com maestria contrastes entre o sereno e o grotesco, criando paisagens que parecem saídas dum sonho místico, mas que escondem algo profundamente perturbador.

Ito brinca bastante com texturas e sombras para reforçar a sensação de suspense, tornando cada página uma pequena obra de arte. Estamos aqui perante mais uma demonstração clara de como Ito domina não só o terror, mas também a beleza visual dentro do género.

Em resumo, Sensor não é o mangá mais assustador do autor, mas é definitivamente um dos mais “tripantes” e conceptuais. Quer sejam fãs ou não de Junji Ito este mangá merece sem dúvida uma leitura.

Escrito por: Fernando Ferreira

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